Uma poesia de Ana Salomé:
ode do fim da paixão
agora que a paixão se demoveu de ti
são poucas as notícias que te trago.
as palavras bem podem ser
pequenos papéis atirados ao chão.
se o vento as levantar é porque ainda
haverá um livro de poemas
nas pontas dos dedos a ferir o espaço
para um último batimento.
deixaste-me assim com a paixão rápida
o funeral e os pássaros nos ramos
a aprender asneiras e as marchas de séculos
anteriores. recusaste um coração
a cercania das mãos
a destapar o rosto oculto.
agora é tarde
os poemas são vedações de florestas
que não podem crescer mais.
sem árvores o vento não sopra
e é pouco o que chega até ti.
O poema é tremor das mãos grafando a Ode. Um poema que inquieta.
ResponderEliminarAbr.,
Sim, e um belo poema por sinal. Uma poetisa que merece atenção, sem dúvida.
EliminarAbraço