sábado, 8 de junho de 2013

Uma poesia de Ana Salomé:

ode do fim da paixão

agora que a paixão se demoveu de ti
são poucas as notícias que te trago.

as palavras bem podem ser
pequenos papéis atirados ao chão.
se o vento as levantar é porque ainda
haverá um livro de poemas
nas pontas dos dedos a ferir o espaço
para um último batimento.

deixaste-me assim com a paixão rápida
o funeral e os pássaros nos ramos
a aprender asneiras e as marchas de séculos
anteriores. recusaste um coração
a cercania das mãos
a destapar o rosto oculto.

agora é tarde
os poemas são vedações de florestas
que não podem crescer mais.
sem árvores o vento não sopra
e é pouco o que chega até ti.

2 comentários:

  1. O poema é tremor das mãos grafando a Ode. Um poema que inquieta.
    Abr.,

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    1. Sim, e um belo poema por sinal. Uma poetisa que merece atenção, sem dúvida.
      Abraço

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