Uma poesia de António Maga:
Gelo
este peso gelado
da solidão,
a presença constante
de um corpo ausente
que quero morder;
afogar-lhe os olhos de lágrimas
de dor e medo
até sentir o sal do seu sangue
na minha língua.
vingar num corpo
inocente
de mulher
todas as noites
petrificadas.
o corpo parado
o olhar parado
e raiva
tanta.
eu só quero chorar
com o despudor
indecente
das mulheres do povo
nos funerais de aldeia.
eu só quero o carinho
meloso
que se dá aos cães,
eu quero um regaço de avó
e uma mão enrugada
moldando-me a cara
em gestos lentos.
só quero quebrar este gelo!
o gelo
que envenena o ar
paralisa o sangue e me
morde as entranhas numa acidez de lágrimas
castradas!
Palmas!!!
ResponderEliminarSim Janice, O António Maga merece, é um grande poeta.
EliminarVivas ao Maga, para compensar "a acidez das lágrimas castradas". Belíssimo poema.
ResponderEliminarSem dúvida Caro José Carlos um belíssimo poeta o António Maga.
EliminarBom fim de semana.
Abraço.