Uma poesia de Teresa Fonseca:
Cantiga d’amigo
no lugar da fonte ficou o fluxo vermelho quebrado pela fluidez do cervo
ela brada e debanda e o amigo parado, refastelado. Pois então!
a areia molhada sonha com uma avelaneira florida no
corpo outono
e o rap de repetição.
o barco despido atracou uma e outra e outra vez
suja de lodo não mexe. tremida.
apodrece já a memória da romaria na mãe enguiçada
e as amigas fadadas de fresco enfadam no lar os maridos que embarcam noutras marés de velas enfunadas
e o rap de repetição.
no lugar da avezinha a vizinha de véu corvo com olhos de peixe de vidros estilhaçados
e o amigo que vem de peniche pavoneado e mareado e de velas apagadas.
ela sóquente só quente só e quente
nem albas nem salvas nem valsas
A poesia de Teresa Fonseca traz um ritmo diferente, pouco usual, mas as imagens são ricas.
ResponderEliminarAbr., para os dois.
Sim, uma Cantiga de Amigo bem diferente mas não menos Cantiga.
EliminarTambém não conhecia a autora, e surpreendeu-me esta poesia.
Abraço.