sexta-feira, 21 de junho de 2013

Uma poesia de Teresa Fonseca:

Cantiga d’amigo

no lugar da fonte ficou o fluxo vermelho quebrado pela fluidez do cervo
ela brada e debanda e o amigo parado, refastelado. Pois então!
a areia molhada sonha com uma avelaneira florida no
corpo outono
e o rap de repetição.

o barco despido atracou uma e outra e outra vez
suja de lodo não mexe. tremida.
apodrece já a memória da romaria na mãe enguiçada
e as amigas fadadas de fresco enfadam no lar os maridos que embarcam noutras marés de velas enfunadas
e o rap de repetição.

no lugar da avezinha a vizinha de véu corvo com olhos de peixe de vidros estilhaçados
e o amigo que vem de peniche pavoneado e mareado e de velas apagadas.
ela sóquente só quente só e quente
nem albas nem salvas nem valsas

2 comentários:

  1. A poesia de Teresa Fonseca traz um ritmo diferente, pouco usual, mas as imagens são ricas.
    Abr., para os dois.

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    1. Sim, uma Cantiga de Amigo bem diferente mas não menos Cantiga.
      Também não conhecia a autora, e surpreendeu-me esta poesia.
      Abraço.

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