domingo, 30 de junho de 2013

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:


A cal que não fosse ávida de água...

Nunca escrevi versos em que usasse a palavra cal.
Eu sei que nunca tive razões para o fazer,
mas nunca fiz, e assim o digo.
Reconheço que já usei a palavra óxido,
não muitas vezes, mas usei, noblesse oblige.
Usei, já o disse, não para oxidar o poema,
ou provocar outras reacções,
não que eu seja dado ao estudo da química
mas dizem-me que pode haver reacções...
A cal, ao que dizem, é ávida de água
E eu só quero a cal que não é ávida
de água, seja água, água, ou oxigenada;
não digam que estou a usar óxido
neste fazer o poema.
Não sou futurista, nem me corre
nas veias o mais leve ânimo post-moderno,
por isso usei óxido com moderação
e ainda espero a cal que não seja ávida de água.

António Eduardo Lico

10 comentários:

  1. É inconfundível esse seu jeito de escrever poema Antonio. Muito show!!! Adoro. Abraços de bom domingo poeta.

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    1. Obrigado Regina.
      Bom Domingo e uma óptima nova semana.
      Abraços.

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  2. OI, LIco...não se esqueça ...as palavras são brincantes e revelam mais do que deseja o próprio autor.
    Um abraço e Feliz domingo!

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  3. Uma forma única de versar e muito interessante. Também achei um show.
    Um bom início de semana.
    Boa noite.

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  4. Es difícil hacer poemas como los haces, con esas palabras; pero tú lo logras :)

    Muchos besos.

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  5. Para brincar com as palavras com tanta sabedoria, há de se ter intimidade com elas. E você sabe manejá-las, dominá-las. Não lhe falta "ardil" para apreendê-las em sentido especial, ainda que seja a palavra cal.
    Abraços,

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    1. Meu Caro amigo José Carlos, como poeta que é, sabe bem que nós poetas só temos um recurso - as palavras - por isso temos que lhe retirar todo o "sumo", mesmo que pareçam secas.
      Abraço.

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