domingo, 7 de julho de 2013

Antero de Quental

Um soneto de Antero de Quental:

Divina Comédia

Erguendo os braços para o céu distante
E apostrofando os deuses invisíveis
Os homens clamam: - "Deuses impassíveis,
A quem serve o destino triunfante.

Porque e que nos criastes?! Incessante
Corre o tempo e só gera, inextinguíveis,
Dor, pecado, ilusão, lutas horríveis,
Num turbilhão cruel e delirante...

Pois não era melhor na paz clemente
Do nada e do que ainda não existe,
Ter ficado a dormir eternamente?

Por que é que para a dor nos evocastes?"
Mas os deuses, com voz inda mais triste,
Dizem: - "Homens! por que é que nos criastes?

2 comentários:

  1. Grande sonetista da língua portuguesa. Poeta metafísico e este blog sempre nos levando a encontrar os novos, os ainda desconhecidos, e os consagrados para que não os esqueçamos.
    Grande abraço,

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    1. É verdade amigo José Carlos. Antero de Quental renovou o soneto em Portugal.
      Abraço.

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