terça-feira, 9 de julho de 2013

Cabral do Nascimento

Uma poesia de Cabral do Nascimento:


Natal Africano



Não há pinheiros nem há neve,
Nada do que é convencional,
Nada daquilo que se escreve
Ou que se diz... Mas é Natal.

Que ar abafado! A chuva banha
A terra, morna e vertical.
Plantas da flora mais estranha,
Aves da fauna tropical.

Nem luz, nem cores, nem lembranças
Da hora única e imortal.
Somente o riso das crianças
Que em toda a parte é sempre igual.

Não há pastores nem ovelhas,
Nada do que é tradicional.
As orações, porém, são velhas
E a noite é Noite de Natal.

4 comentários:

  1. o natal é Natal em qualquer canto porquanto é realizado mesmo, dentro da alma de quem crê...
    Um abraço

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    1. Creio bem que neste caso o autor pretendeu mostrar a atmosfera colonial, servindo-se do Natal.
      Abraço minha amiga.

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  2. É isso, António, há uma preocupação social, mas independente desse matiz, a dicção do Cabral é maravilhosa, pois é capaz de nos fazer sentir uma dupla melancolia. Acho que você vai concordar comigo.
    Grande abraço,

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    1. Concordo pois caro amigo.
      Vabral do Nascimento era um poeta muito apostado em manter o lirismo ]a flor da pele.
      Abra;o.

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