sexta-feira, 26 de julho de 2013

Este rio que corre sem águas

Reponho uma poesia do poemário Este rio que corre sem águasÇ

Nirvana

 Um peixe não atinge o nirvana
embora viva na água.
As pedras afundam-se
e não têm escamas
e estão na marge de lá
de qualquer nirvana

Nem os peixes do Tibete
chegam perto do nirvana
ou será o problema
da altitude?

Não vou pescar,
não quero distrair
peixe algum da sua via:
a de ser pescado

Se um dia o nirvana
acordar debaixo
da minha cama
hei-de lembrar-me
do peixe riscado
de violeta correndo
veloz para o anzol
como monge
que corre para o nirvana

Este é o meu ensinamento:
quem o seguir não
atingirá nirvanas.
quando muito
poderá contemplar
a outra margem
do rio e olhar os peixes.

2 comentários:

  1. E como alcançar o nirvana, meu caro poeta. De qualquer modo, contemplar a margem do rio e olhar os peixes pode ser um consolo para a falta do nirvana.
    Abraço, meu caro amigo,

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    Respostas
    1. Sem dúvida, e é be melhor contemplar prosaicamente as margens de um rio e os peixes.
      Bom fim de semana caro amigo.
      Abraço.

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