Ergo uma rosa
Como a lua não faz nem o sol pode:
Cobra de luz ardente e enroscada
Ou ventos de cabelos que sacode.
Ergo uma rosa, e grito a quantas aves
O céu pontua de ninhos e de cantos,
Bato no chão a ordem que decide
A união dos demos e dos santos.
Ergo uma rosa, um corpo e um destino
Contra o frio da noite que se atreve,
E da seiva da rosa e do meu sangue
Construo perenidade em vida breve.
Ergo uma rosa, e deixo, e abandono
Quanto me doi de mágoas e assombros.
Ergo uma rosa, sim, e ouço a vida
Neste cantar das aves nos meus ombros.
O que se pode dizer, Antonio? Saramago é ler e aplaudir sempre.
ResponderEliminarAbraços,
Éverdade. E este poema é de facto magnífico.
EliminarAbraço
maestria da palavra!
ResponderEliminarum abraço
Sem dúvida. Trata-se de uma muito bela poesia.
EliminarAbraço.