quarta-feira, 3 de julho de 2013

Amanhecer obscuro

Reponho uma poesia do poemário Amanhecer obscuro:

PPC, ou a balada de todos os bancários a que muitos chamam políticos

PPC, seja, Pedro Passos Coelho
não usa chapéu de feltro
nem conhece a estética do canto dos
canários e não distingue
um checo de um eslovaco.
Usa um pequeno rectângulo
na lapela: via-se numa foto de jornal.
Olhando com atenção, lá está:
é a bandeira de Portugal.
De uma só vez e num gesto
a la Georges Bush, PPC pendura o País.
PPC não sabe onde fica
o Forte de S.João Baptista de Ajudá
e pensa que Porto Seguro fica
onde fica o dito Partido Socialista.
PPC é bancário; bancário de um só sentido:
só recebe, e quer receber mais, e não pagar.
PPC aderiu a uma moda antiga:
políticos são todos bancários.
Trabalham para os banqueiros,
nem que tenham que usar na lapela,
bandeiras e fingirem que são inteligentes, diligentes
e piedosos. Não desisto de ver PPC
fazer versos ao padre Américo

e fazer lobbying pela santidade de Cavaco Silva,
também ele um devotado bancário.
PPC é contabilisticamente ininputável
e faz balancetes com talões do BPN nas horas de ócio.
PPC, oficia o seu múnus como um Cardeal clandestino
saído, não de refinados salões florentinos,
ordenado como foi na jsd, e com o secreto
sonho de ser canonizado pela troika
e venerado para todo o sempre
nos santuários que vão de Bruxelas a Berlim e a Washington.

António Eduardo Lico

8 comentários:

  1. Un placer leerte. Una buena crítica a la actualidad.

    Besos.

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  2. Caro António, a crítica social andou à solta por aqui hoje como, às vezes, veladamente. Primoroso este texto. Vamos chicoteá-los que eles merecem!
    Abraço, amigo,

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  3. Hola, António:

    Verdades muy bien dichas en tus versos.

    Un abrazo.

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  4. Inconfundibles versos de lucha solcial.

    un abrazo

    fus

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