sexta-feira, 16 de março de 2012

Mais três poesias de O Canto em mim



Flor que brilhas no jardim

Flor que brilhas no jardim
é breve o teu perfume;
a cor que te acaricia
as pétalas é fugaz.
Olho-te, e sei que a vida
te será breve.
Não sou filósofo, nem metafísico
nem sei porque me sento num jardim.
Sei-te breve, flor que brilhas no jardim,
o teu perfume me alimentará
e o instante será breve.
A tua seiva quente penetrará a terra.
Não sei porque me sento num jardim.


Te quisera verde

Queria-te como o trigo
ondulando, verde, ao longe,
como uma melodia.
Queria-te como o vento
Que ondula o trigo,
ao longe, como uma melodia.
Queria-te verde. Como a melodia
entoada pelo trigo, que ondula,
ao longe, embalado pelo vento.


De noite a lenha arde obscura

De súbito, era tudo noite
e o silêncio ardeu
como obscura lenha.
De súbito, era tudo silêncio
e a noite ardeu
como obscura lenha.
E era apenas noite e silêncio
e lenha que ardia, obscura.


António Eduardo Lico


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