segunda-feira, 5 de março de 2012

O segundo projecto de Poesia a que me propus designei-o Canto em mim.
Deixo hoje as duas primeiras poesias do projecto:


O canto em mim

Canto como se fosse sempre noite
e as palavras como sombras
oráculos da voz. ausente.

O deus antigo murmura
e a música esvai-se
como se o canto fosse em mim.

Um Olhar Sobre a Chuva

Com olhar inexistente
olho a chuva que cai no chão
para além da vidraça

A chuva cai sempre com graça.
Vê-la através de uma janela
líquida e insubstancial

a chuva, substância imaterial
que está para além do olhar
e para além de todas as janelas.

Redondas, as gotas, são elas
que tecem a estranha harmonia
da música que tocas ao beijar o chão

para aquém da vidraça, em vão
tento adivinhar-te caindo
com olhar inexistente


António Eduardo Lico


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