O poeta deste Domingo é Carlos Oliveira. Tido como neo-realista, na verdade trata-se de uma classificação que é redutora da sua poesia.
Nascido em 1921 e falecido em 1981, Carlos Oliveira é uma das mais originais vozes da poesia portuguesa.
Casa
A luz de carbureto
que ferve no gasómetro do pátio
e envolve este soneto
num cheiro de laranjas com sulfato
(as asas pantanosas dos insectos
reflectidas nos olhos, no olfacto,
a febre a consumir o meu retrato,
a ameaçar os tectos
da casa que também adoecia
ao contágio da lama
e enfim morria numa cama)
a pedregosa luz da poesia
que reconstrói a casa, chama a chama.
Nascido em 1921 e falecido em 1981, Carlos Oliveira é uma das mais originais vozes da poesia portuguesa.
Casa
A luz de carbureto
que ferve no gasómetro do pátio
e envolve este soneto
num cheiro de laranjas com sulfato
(as asas pantanosas dos insectos
reflectidas nos olhos, no olfacto,
a febre a consumir o meu retrato,
a ameaçar os tectos
da casa que também adoecia
ao contágio da lama
e enfim morria numa cama)
a pedregosa luz da poesia
que reconstrói a casa, chama a chama.
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