sábado, 17 de março de 2012

Ruy Belo, um dos mais importantes poetas portugueses da segunda metade do século XX.
Nascido em 1933 e falecido em 1978, a sua fugaz vida foi suficiente para marcar a poesia portuguesa.
Fica a poesia Enterro sob o sol


Enterro sob o sol

Era a calma do mar naquele olhar
Ela era semelhante a uma manhã
teria a juventude de um mineral
Passeava por vezes pelas ruas
e as ruas uma a uma eram reais
Era o cume da esperança: eternizava
cada uma das coisas que tocava
Mas hoje é tudo como um fruto de setembro
ó meu jardim sujeito à invernia
A aurora da cólera desponta
já não sei da idade do amor
Só me resta colher as uvas do castigo
Sou um alucinado pela sede
Caminho sob o sol enterro de água

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